Autossuficiência não é sinal de Desenvolvimento
Artigo de Thiago Schulze, colunista do Mesorregional:
Imagine que você resolva largar seu trabalho estressante, os restaurantes sofisticados, as festas agitadas e a comodidade da vida urbana para se encastelar em um sítio isolado, no interior do estado onde, supostamente não precisará de mais nada ou ninguém. Será “autossuficiente”. Consigo, leva algumas ferramentas de carpintaria e costura, uma vara de pesca e algumas sementes de plantas diversas.
Nos primeiros dias, tudo parece um sonho, mas com o passar do tempo descobre que talvez costura e botânica não fazem parte de sua gama de habilidades e que por conta disso acaba perdendo tempo demais com tais ofícios ao invés de aproveitar o que realmente gosta: pescar.
Após uma de suas voltas pela região, encontra um casebre de uma senhora bastante simpática, que deixou a vida urbana pelos mesmos motivos que você e que possui uma dificuldade imensa em obter proteína animal por sua falta de habilidade em caçar e pescar, porém durante o tempo que esteve ali constituiu uma imensa horta de vegetais em seu recinto.
Não demora até resolverem fazer trocas entre si dos produtos que cada um possui maior facilidade em obter. Você era autossuficiente, ou seja, possuía as ferramentas para não precisar de mais ninguém, mas tal autonomia não lhe trazia felicidade, era justamente o contrário: fazia com que tivesse de executar atividades penosas e tomava o tempo que pretendia dedicar a outras prazerosas.
O crescimento econômico de um país está diretamente ligado ao número de negócios que promove perante seus semelhantes, portanto quando alguém disser que determinado país é autossuficiente, provavelmente se trata de uma nação emergente. Países ricos utilizam o globalismo a seu favor e fazem trocas entre si para maximizar suas produções e consequentemente aumentar seu Produto Interno Bruto. Desenvolvimento nada tem a ver com Autossuficiência, é justamente o contrário!