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Por amor ou pela dor

Confira o artigo da advogada, especialista em Direito Penal e Criminologia, Dra. Ediléia Buzzi, colunista do Mesorregional:

Todas as mentes procuram entender o que leva um jovem de 18 anos, sem qualquer histórico violento a entrar em uma escola e matar crianças e professoras.

Só ele vai poder nos dizer, ninguém mais.

O pai, de acordo com notícias veiculadas na imprensa trouxe pontos que considero relevantes: ele maltratava animais, sofreu bullying na escola e dormia com o pai todas as noites, na mesma cama, pois tinha medo de dormir sozinho.

Parece-me certo que este jovem queria ser visto, e encontrou uma maneira errada de sê-lo.

Precisamos olhar melhor nossas crianças, e aprender com situações como esta (pela dor) que maltratar, judiar de animais não é normal, é perverso. Creio que as pessoas que maltratam animais maltratarão pessoas, sou convicta disso. Há poucos anos aconteceu o assassinato brutal de uma moça na cidade de Blumenau em que há relatos de que o acusado, hoje condenado, sempre que podia atropelava, decepava, maltratava animais de rua ou da vizinhança.

E o bullying é a prática de atos de violência física ou psicológica, ou de ambas, que deixa marcas irreversíveis. Muita gente adulta afirma que passou por ele sem traumas, e todos passamos por ele em algum momento. As reações são diferentes em cada criança/indivíduo. Depende da base familiar, do meio social, da personalidade, entre outros fatores. Não conheço o motivo pelo qual o jovem foi violentado, mas reconheço que o ato por ele praticado pode ter raízes ali.

Repito: precisamos olhar para nossas crianças, não deixar que sofram caladas, que interiorizem atos de violência, que debochem de colegas, que se considerem melhores do que os outros ou pratiquem violência contra qualquer ser vivo.

Assim como a pandemia que assola o mundo tenta nos mostrar e ensinar algo, fatos como este precisam ser vistos sob uma ótica maior, não é só apontar o dedo, é tentar compreender e agir de modo que situações semelhantes não se repitam.

E isso não é uma defesa ao ato pelo jovem praticado. É apenas um desabafo, de alguém cujo fato latejou na cabeça até que estas palavras fossem aqui digitadas. E foram digitadas com amor e esperança em um futuro melhor.

Precisamos voltar a olhar para as pessoas, e, realmente vê-las.

Ediléia Buzzi
OAB/SC 27209

Dúvidas e sugestões podem ser enviadas para o e-mail: edileiabuzzi@hotmail.com

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