Como está o nosso olhar?
Confira o artigo da advogada, especialista em Direito Penal e em Criminologia, Dra. Ediléia Buzzi, colunista do Mesorregional:
A pergunta que não quer calar, nos últimos dias é “por quê Lázaro, o serial killer” ganhou tanta exposição midiática?
Assassinos em série são pessoas clinicamente perversas e com graves distúrbios mentais. De acordo com a psicologia, são pessoas que têm perfil psicopatológico.
Por sorte, no Brasil são pouquíssimos os registros desse tipo de criminoso.
Mas por que esse tipo de assunto nos interessa tanto?
Alvino Augusto de Sá, professor de Criminologia da USP e psicólogo, explica que “a curiosidade tem a ver com o crime que está dentro das pessoas, as questões instintivas que existem em todos nós. A maioria controla, não se deixa levar. Mas ele (o criminoso) espelha um pouco aqueles instintos que existem dentro de nós.”
Ficamos curiosos com o que leva um ser humano, nosso semelhante, a conseguir transgredir as regras.
Outro ponto é que as questões que envolvem mistérios e perguntas como “quem foi”, “como foi”, “porque”, instigam nosso cérebro.
Como advogada atuante exclusivamente na área criminal, sempre quis saber porque as pessoas têm tanta curiosidade sobre crimes, já que a exposição midiática de um caso criminal via de regra traz demasiado prejuízo à defesa, pois a imensa maioria da população não busca informações além das repassadas pela imprensa, e assim, tende a se solidarizar com a vítima e seus familiares.
Fato é que conhecemos Lázaro a partir dos crimes que ele praticou. Pouco se sabe ainda sobre os crimes, escolha de vítimas ou motivação, e as respostas, muito provavelmente, ficaram com ele.
Vale refletir, principalmente nos dias atuais, se cultivamos a capacidade de olhar para o outro e de nos posicionarmos de maneira humanista.
Não pode ser normal que mais de cem tiros sejam disparados por um grupo de pessoas contra uma única. Se virmos isso como normal, se nos calarmos, ou pior, se vibrarmos com mais um “CPF cancelado”, deixaremos que a voz da barbárie ecoe. E quando isso ocorre, todos corremos risco.
Dúvidas e sugestões podem ser enviadas para o e-mail: edileiabuzzi@hotmail.com