Lula, o sistema e as eleições
Por Leonardo Secchi, colunista do Notícias Vale do Itajaí:
A passagem do ex-presidente Lula por Santa Catarina no último final de semana antes da Páscoa diz muito sobre ele, o PT, o sistema político e as eleições: primeiro, ao lançar e ressaltar sua candidatura em outubro, Lula ignora, seja para mostrar força ou para dar esperança para sua militância, à condenação em segunda instância que o torna inelegível. Confiança demais, jogo político ou fé na ajuda do Judiciário que ele tanto critica?
O segundo ponto é a confiança na vitória nas urnas escancarada em seu discurso quando sugere um banho de mar nas praias da Capital para comemorar em outubro. Neste momento, jogando para torcida petista que mostrou a sua força durante as visitas, o ex-presidente descartava a hipótese de ser preso.
Neste cenário, como fica o cidadão brasileiro que não veste a camisa vermelha, nem a azul, e que constata que há margens para dúvidas até mesmo no Judiciário?
Será preso ou não? Enquadrado como inelegível ou não? Cometeu crime ou não cometeu? Roubou ou não roubou? Foi golpe ou não foi golpe? Se as respostas dependem de ideologias, é onde o Judiciário e todo o sistema falham.
FERNANDO HADDAD
Se o discurso político do partido está em torno de Lula, nos bastidores há uma ala do PT que está tentando convencer a direção partidária de que o nome de Haddad deveria começar a ser veiculado já, como alternativa à Lula. Falam em dar uma repaginada no partido, com o olho no futuro da legenda. Seus índices, assim como os de seu correligionário Jaques Wagner são ainda muito baixos, apesar da possibilidade de uma forte transferência de votos do seu líder maior. Seria suficiente para ir ao segundo turno? Talvez não. Fernando Haddad até poderia levar o PT a uma meia vitória por outras vias: ser o vice na chapa de Ciro Gomes. Mas ele está consciente de que seu partido gosta mesmo é de hegemonia.
TERCEIRA VIA
A maioria dos analistas políticos continua apostando que haverá, novamente, um embate entre PT e PSDB nas eleições presidenciais, mas alguns sinais já começam a indicar prováveis mudanças nesse quadro. O PDT de Ciro Gomes, a REDE de Marina Silva e o PSB que ainda espera por Joaquim Barbosa, poderiam surpreender com um bloco alternativo, mostrando reais chances de disputar as eleições de maneira competitiva. Aguardemos.
A CRISE DO JUDICIÁRIO
A população está bastante descrente do agente público como um todo e o Judiciário, assim como os demais poderes, está passando por maus lençóis. Nem o juiz que tem uma visão mais imparcial, a população entende como alguém que entrou no poder público por um sistema de mérito. Quando a gente vê um Supremo Tribunal Federal com alguns ministros muito instáveis ou visivelmente com posições políticas de torcidas organizadas, a população perde bastante credibilidade no sistema. Apesar do mau momento, temos que ter muita força e muita esperança para renovarmos a crença nas instituições, porque se começarmos a contestar Judiciário, Legislativo e Executivo, sem depositar fé em ninguém, o que sobra realmente é a barbárie, a colocação de líderes políticos populistas que se propõem a acabar com tudo e com todos, como se não tivessem defeitos. Este seria um caminho muito mais perigoso.
O MECANISMO
Quem viu no fim de semana a série brasileira na Netflix baseada na Operação Lava-Jato, o Mecanismo, observou uma produção muito parecida com Tropa de Elite, do mesmo diretor, José Padilha, que mostra a corrupção como “câncer brasileiro” e o sistema político como um mecanismo corrupto que não tem fim, exatamente por estar enraizado em todos os setores. Fora o bate-boca entre Dilma/Lula/PT e Padilha, nada de novo, mas a crítica continua atual e válida. Você aí: se tivesse uma oportunidade de se dar bem, mas para isso poderia prejudicar alguém, qual seria sua escolha?
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