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João Paulo Pizzolatti Jr. é julgado em Blumenau por tentativa de homicídio em acidente de trânsito

Nesta quarta-feira (28), o ex-deputado federal João Paulo Pizzolatti Jr. compareceu ao Fórum de Blumenau para ser julgado por tentativa de homicídio qualificado, um caso que remonta a um acidente de trânsito ocorrido em 20 de dezembro de 2017 na rodovia SC-421 (Werner Duwe), entre Blumenau e Pomerode. O caso atrai grande atenção devido à gravidade das consequências e à trajetória pública do réu, que tentou fugir do local do acidente, mas foi abordado por populares e deveria ser preso, mas acabou sendo hospitalizado e acabou fugindo do Hospital Santa Isabel.

No dia do acidente, Pizzolatti, que segundo a acusação estava embriagado, conduzia seu veículo Volvo XC 60. Na altura do Km 17 da rodovia, ele teria invadido a contramão e colidido frontalmente com o carro em um um Hyundai IX-35 e um Fiat Mobi, ocupado por Paulo Marcelo Santos, um jovem de 23 anos que estava a caminho do trabalho. A força do impacto fez o veículo de Paulo ficar totalmente destruído sendo arremessado para o outro lado da rodovia, onde pegou fogo com o motorista preso às ferragens. O jovem sofreu ferimentos graves, incluindo queimaduras de 1º e 3º graus, fraturas múltiplas e sequelas que comprometem sua saúde até hoje.

Foto: Divulgação / CMBSC


A fuga e a prisão

Logo após o acidente, Pizzolatti tentou fugir do local, mas foi contido por populares. Encaminhado ao Hospital Santa Isabel, ele novamente fugiu da unidade de saúde antes que os policiais rodoviários pudessem realizar o teste do bafômetro. Dias depois, ele foi localizado e preso pela Polícia Civil na Grande Florianópolis. Pizzolatti permaneceu preso em uma cela especial no Presídio Regional de Blumenau por apenas 5 meses, mas desde então, vinha respondendo ao processo em liberdade.

O Julgamento

O julgamento começou na manhã desta quarta-feira (28) com a presença de seis mulheres e um homem que compõem o júri popular. Durante a fase de instrução, foram ouvidos o próprio réu, a vítima Paulo Marcelo Santos, e duas testemunhas convocadas tanto pela defesa, um médico psiquiátrica, sócio de uma clínica – que teria atendido Pizzolatti por dependência de consumo de álcool – e seu motorista, que também foi assessor parlamentar.

Paulo Ricardo, ainda visivelmente afetado pelas sequelas do acidente, deu um depoimento emotivo, relatando o impacto devastador que o evento teve em sua vida. Segundo ele, as queimaduras e fraturas sofridas não apenas o deixaram fisicamente debilitado, mas também o fizeram temer pelo seu futuro. A defesa, por sua vez, argumentou que Pizzolatti sofre de alcoolismo e que, na época do acidente, estava sob efeito de medicação psiquiátrica.

Fotos: Jefferson Santos / Mesorregional

O depoimento do médico psiquiatra convocado pela defesa gerou momentos de tensão, com a própria juíza e o promotor de Justiça questionando a coerência das informações apresentadas. O médico alegou que Pizzolatti precisava de tratamento contínuo e que sua condição mental poderia ter contribuído para o acidente. No entanto, ele demonstrou desconhecimento de detalhes cruciais do caso.

Perspectivas e expectativas

Agora, o julgamento entra na fase de debate entre acusação e defesa, onde ambos os lados apresentarão seus argumentos finais. A defesa de Pizzolatti tenta reverter a acusação de tentativa de homicídio para crime de trânsito, o que poderia resultar em uma pena significativamente mais leve. Já o Ministério Público busca uma condenação por tentativa de homicídio qualificado, apontando as circunstâncias agravantes do caso, como a alta velocidade, o estado de embriaguez e a tentativa de fuga do réu.

Este julgamento é visto como um marco importante na luta contra a impunidade em casos de violência no trânsito em Santa Catarina, especialmente aqueles envolvendo figuras públicas. A decisão final do júri está prevista para o final do dia, quando a juíza Cibelle Mendes Beltrame presidirá a leitura da sentença.

O caso Pizzolatti não é apenas sobre um acidente de trânsito; ele toca em questões mais amplas de responsabilidade pública, justiça e segurança nas estradas. O desfecho deste julgamento poderá ter implicações significativas, tanto para a vítima e sua família quanto para a sociedade como um todo, enviando uma mensagem clara sobre as consequências de dirigir sob a influência de álcool e outras substâncias.

Essa é de fato uma situação emblemática, não só pela gravidade do acidente, mas também pelo perfil do réu, um ex-deputado federal, que já enfrentou outros problemas legais e cuja trajetória política foi marcada por controvérsias, inclusive dentro do Operação Lava Jato. O Mesorregional acompanha de perto o desenrolar deste julgamento, com a expectativa grande para o veredicto, que poderá definir se Pizzolatti enfrentará uma longa pena de prisão ou se conseguirá uma condenação menos severa.

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