Os boatos e as verdades da greve dos caminhoneiros no Vale do Itajaí
Os mais diversos boatos circulam a todo favor nas redes sociais e a população visivelmente ainda não aprendeu a chegar as informações antes de compartilhar, dando total relevância para as Fakenews (notícias falsas), algo que atrapalha muito mais do que ajuda qualquer manifestação. Afim de esclarecer as informações que circulam nas redes (principalmente WhatsApp) o Notícias Vale do Itajaí esteve na tarde desta quarta-feira (23) em alguns pontos de manifestações em Blumenau, Gaspar e Indaial para buscar informações concretas dos bloqueios que estão sendo realizados.
Em todos os locais, tanto na BR-470 (Blumenau e Indaial), quanto na Rodovia Jorge Lacerda (SC-412 – Gaspar) todos os veículos de passeio, tanto carro quanto ônibus e vans, estão tento passagem livre, assim como o transporte de medicamento, oxigênio hospitalar e carga viva (animais) sendo vetada exclusivamente a passagem de veículos de carga, caminhões, carretas, furgões etc. Uma das mensagens com informações falsas que mais circulou durante o dia será que em Indaial, na altura do Km 66 a rodovia federal seria interditada totalmente às 17h de hoje, o que foi desmentido pelos caminhoneiros da manifestação neste ponto.
“Não estamos aqui apenas pelo preço dos combustíveis, é por uma série de abusos que o caminhoneiro vem sofrendo pelas estradas do Brasil, muita gente se aproveita do caminhoneiro” disse Julio Cesar Leite, que trabalha há 10 anos como motorista de caminhão. Confira a entrevista com um dos caminhoneiros que integram a organização da manifestação em Indaial:
Transtornos
A greve já acarreta em desabastecimento de combustíveis em postos da região. Alguns postos já iniciam o encerramento do atendimento no fim da tarde de hoje por seca nas bombas. A notícia fez com que milhares de proprietários de veículos corressem para o abastecimento, o que também projetou ainda mais o aumento em alguns estabelecimentos. Na Rua Bahia, em Blumenau, por exemplo, onde há quatro postos de combustível e há diferença entre R$ 3,929 e R$ 4,299 o litro da gasolina comum, ou seja, uma diferença R$ 0,37 por litro do mesmo produto. Durante todo o dia foram registradas filas para abastecimentos em diversos postos da região.
Para se ter uma ideia, da bandeira Ipiranga localizado no bairro Salto, estava cobrando R$ 4,199 às 13h06min e às 17h10min fomos informados por um frentista que o litro da gasolina comum passou a ser cobrada R$ 0,10 mais cara no fim do dia, quando a gasolina chegou ao fim. Nos demais postos os preços foram mantidos durante todo o dia. Em breve o reflexo deve chegar aos supermercados, onde alguns produtos poderão não chegar as prateleiras por conta da interrupção dos veículos de carga.
De acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas) as paralisações já causam desabastecimento nos supermercados da Grande São Paulo, em especial nos itens de frutas, legumes e verduras, que são perecíveis e de abastecimento diário. A entidade ressalta que também carnes e produtos industrializados, que levam proteínas no processo de fabricação, também estão com as entregas comprometidas pelos atrasos no reabastecimento.
Abusos
A Constituição de 1967 estabeleceu que a ordem econômica tem por fim realizar a justiça social com base, entre outros princípios, na repressão ao abuso do poder econômico, caracterizado pelo domínio dos mercados, eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros. Se o consumidor observar o aumento abusivo no preço dos produtos, poderá imediatamente comunicar o Procon através do telefone 151. No caso de combustíveis o havendo comprovação, como por exemplo, cupom ou nota fiscal, o consumidor lesado pode entrar em contato com a Agência Nacional de Petróleo para a denúncia. Além de multa, os estabelecimentos comerciais que se aproveitam desse tipo de situação podem ser condenados ao pagamento de indenização aos consumidores lesados.
Combustíveis no Aeroporto de Navegantes e para veículos de emergência
O NVI teve acesso ao Relatório de Monitoramento do Núcleo de Acompanhamento e Gestão Operacional da Infraero que informa que Aeroporto Internacional de Navegantes que há combustível para abastecimento de aeronaves apenas até sábado (26) no caso de aeronaves abastecidas por Jet Fuel (querosene de aviação) e AVGAS (gasolina de aviação) para pelo menos 17 dias, ou seja, se a greve permanecer até lá, voos também deverão ser prejudicados.
Os postos de combustíveis onde são abastecidas viaturas de emergência, através de contrato por licitação deverão permanecer com combustíveis para o abastecimentos de veículos da Polícia, Bombeiros, Samu e outros órgãos do governo, mesmo que não estejam mais atendendo a população, por este motivo ainda não há preocupação com atendimento emergencial até o momento.
Reflexos da paralisação
Após reuniões com o governo, a Petrobras anunciou ontem (22) e hoje duas reduções nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias. A partir de amanhã (24), o preço da gasolina cairá 0,62% e custará R$ 2,0306 o litro. O preço do diesel terá redução de 1,15% e passará a custar R$ 2,3083, de acordo com a estatal. Nesses dois dias, as quedas acumuladas chegam a 2,69% para a gasolina e a 2,67% para o diesel. Apesar disso, a gasolina acumula altas de 12,95%, em maio, e de 16,76% em um mês. O diesel soma aumentos de 9,34%, em maio, e de 15,16% em um mês.