As Urnas Eletrônicas não são confiáveis, mas seria o “Voto Impresso” a solução?
No país da política desonesta, a discussão sobre um tema político de tamanha importância acaba sendo um pouco desonesta também. Por mais que seja consenso que o processo de escolha de nossos políticos deva ser o mais transparente e confiável possível, Bolsonaristas apenas defendem o que seu líder fala, enquanto antibolsonaristas apenas repelem seus discursos. Raramente qualquer integrante destes dois grupos estuda a fundo o assunto antes de proferir sua opinião. O time do bom senso e da sensatez acaba derrotado. Mesmo assim, insisto em permanecer a este último.
A urna eletrônica brasileira não possui acesso a internet, entretanto possui entrada para pendrive e os votos ficam todos armazenados em um cartão de memória comum, semelhante aos que eram utilizados pelas máquinas fotográficas digitais mais antigas. O código-fonte com a linguagem de programação usada para desenvolver o sistema da urna é aberto aos partidos políticos 180 dias antes das eleições ocorrerem, tempo suficiente para se confeccionar uma praga virtual autoexecutável que modifique votos do dispositivo sem deixar rastros. Dizer que a urna é 100% segura é uma grande irresponsabilidade. Aliás, no país onde quase nada funciona direito, seria mesmo possível considerar tamanha eficácia sem auditoria?
Analisando a solução apresentada, ou seja, o “voto impresso”, chego a conclusão de que se houver qualquer possibilidade de contato manual do eleitor com o papel, ou mesmo acesso dele à urna em que será depositada tal cédula impressa, acredito que seja uma ideia totalmente ineficaz e sem necessidade alguma, uma vez que possibilitaria fraudes como, por exemplo, o depósito de cédulas falsas em urnas específicas, onde determinado candidato faria muitos votos, com objetivo único de anular os votos dela em uma auditoria futura.
Entretanto, um dos modelos propostos talvez seja a solução do referido problema. Uma urna eletrônica com um dispositivo de impressão acoplado que imprime o voto e o transfere de modo automático para um compartimento onde o eleitor poderá ler as informações e confirmar sua autenticidade, sem contato manual, tudo através de um vidro de acrílico. Ao confirmar as informações do voto impresso, o papel cai direto na urna de encaixe, em um sistema totalmente transparente e sem qualquer contato humano.
Tal alternativa deve dar maior segurança ao voto e, consequentemente, legitimar o poder do povo, descrito pela Constituição Federal. Não se sabe se até o momento já houveram fraudes na urna eletrônica, até porque é muito difícil auditar um sistema sem opções alternativas, entretanto, caso este seja o problema que ocasiona a eleição de tantos deputados corruptos e multiplamente condenados por corrupção, certamente dois bilhões de reais acabará sendo um custo relativamente baixo para a mudança.
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