Candidato a vereador em Blumenau muda autodeclaração racial, que poderia lhe garantir mais fundo eleitoral
O candidato a vereador de Blumenau, Pastor Dirlei Paiz (PL), está no centro de uma polêmica após mudar sua autodeclaração racial de branco para pardo nas eleições de 2024. Dirlei, que em pleitos anteriores havia se registrado como branco, justificou a mudança como um “equívoco” após ser questionado pelo Juízo Eleitoral, e posteriormente corrigiu a informação para branco.
A alteração na autodeclaração racial de Dirlei ocorre em um contexto onde a legislação eleitoral brasileira proporciona incentivos financeiros significativos para partidos que aumentam a representatividade de negros e pardos entre seus candidatos. Esses incentivos vêm na forma de recursos adicionais do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário, que são proporcionais à quantidade de candidatos autodeclarados como negros ou pardos.
O caso de Dirlei Paiz não é isolado. Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB), que busca a reeleição, também alterou sua autodeclaração racial para pardo, após anos se declarando branco em nove eleições anteriores. Essa mudança tem gerado debates acalorados sobre a motivação por trás dessas alterações e a possível tentativa de se beneficiar dos recursos adicionais previstos para candidatos negros e pardos.
A mudança na autodeclaração de cor para pardo pode levantar questões sobre a veracidade e a intenção dessas autodeclarações, especialmente quando há incentivos financeiros envolvidos. Críticos argumentam que tais alterações podem comprometer a eficácia das políticas de inclusão racial, que foram criadas para equilibrar a representação política e não para serem usadas como estratégia de captação de recursos.
Até o momento, o sistema de registro de candidatura aponta Dirlei como pardo. Essa situação em Blumenau, exemplificada também pelo caso em Porto Alegre, reflete um desafio crescente no cenário político brasileiro, onde a transparência e a integridade das autodeclarações raciais dos candidatos estão sendo cada vez mais examinadas à luz das regulamentações eleitorais, mas o eleitor também precisa refletir, para não ser enganado.
Imagem: Reprodução / Divulgacand