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Caso da menina de 9 meses em Correia Pinto comove Santa Catarina e levanta suspeitas sobre negligência

A cidade de Correia Pinto, localizada na região serrana de Santa Catarina, foi palco de um caso que abalou o estado e levantou questões sobre possíveis falhas no atendimento médico neste final de semana (20). Uma menina de 9 meses, identificada como Kiara, foi declarada morta após apresentar sintomas de virose, mas surpreendentemente, horas depois, durante o velório, a criança apresentou sinais vitais, deixando a família e a comunidade perplexas.

O repórter José Spindola, do Biguá Tá On, de Lages, conversou com Cristiano Santos, pai da menina. Ele relatou que na quinta-feira, 17 de outubro, Kiara começou a passar mal, com sintomas como vômito e diarreia. A criança foi levada ao Hospital Faustino Riscarolli, em Correia Pinto, onde foi atendida pelo médico de plantão. O diagnóstico inicial foi de virose e a menina recebeu soro e medicamentos antes de ser liberada para voltar para casa.

Durante a sexta-feira (18), a bebê continuou a apresentar sintomas leves, mas, na madrugada de sábado (19), por volta das 2h da madrugada, a situação se agravou. A família percebeu que a menina não estava bem e tentou, por várias vezes, acionar o Corpo de Bombeiros Militar para obter socorro imediato, mas sem sucesso. Desesperado, Cristiano optou por chamar um Uber para levar novamente a filha ao hospital.

Declaração de óbito e os primeiros questionamentos

Ao chegar ao hospital, Kiara foi atendida novamente pelo mesmo médico, que tentou reanimá-la, mas sem sucesso. Por volta das 3h da manhã, a menina foi declarada morta. No entanto, o prontuário apresentado à família continha informações conflitantes, sem registros de batimentos cardíacos e/ou pressão arterial, além da ausência de outros dados, o que gerou desconfiança nos pais.

Cristiano também questionou o fato de o médico ter liberado o corpo da filha sem um exame mais aprofundado, mencionando a falta de procedimentos padrão, como a verificação de sinais vitais de forma adequada. A causa do óbito foi inicialmente foi informada aos pais como afogamento por vômito, mas posteriormente alterada para desidratação, aumentando ainda mais as dúvidas da família.

Sinais de vida no velório

Mediante a informação de óbito, Cristiano resolveu acionar a empresa funerária de um amigo. A funerária realizou um banho na criança, preparou a urna fúnebre e liberou o corpo para o velório, que começou por volta das 7h da manhã de sábado, com familiares e amigos em luto pela perda da menina. No entanto, durante o decorrer do dia, por volta das 14h, os pais começaram a perceber o neném estava apresentando sinais vitais. A criança ainda estava quente e suas mãos pareciam se mover, levando a família a acionar um enfermeiro local para verificar a situação.

O enfermeiro utilizou um oxímetro, aparelho que mede a saturação de oxigênio no sangue, e detectou batimentos cardíacos. Diante dessa descoberta, o Corpo de Bombeiros foi chamado imediatamente para realizar novos testes. Ao chegarem ao local, os bombeiros confirmaram a presença de 65 batimentos por minuto e saturação de 86%, indicando que a criança ainda estava viva.

Novas tentativas de socorro e a indignação da família

Kiara foi então levada às pressas de volta ao Hospital Faustino Riscarolli. No entanto, mais uma vez, os pais foram impedidos de acompanhar a criança na viatura dos Bombeiros, o que gerou grande indignação por parte da família. No hospital, a equipe médica realizou novos procedimentos para tentar estabilizar a menina, mas, após cerca de meia hora, a equipe anunciou que a criança não resistiu e estava, de fato, morta.

Cristiano, visivelmente transtornado, relatou que as informações fornecidas pelo hospital eram contraditórias e desencontradas, tanto em relação às causas do óbito quanto à forma como o atendimento foi realizado. Ele expressou sua frustração com a falta de clareza sobre os procedimentos realizados e as circunstâncias que levaram à morte de sua filha, já que também foi impedido de acompanhar os procedimentos médicos, o que inclusive é vetado por lei.

Investigação e busca por respostas

Diante da gravidade do caso, a Polícia Ciêntífica foi acionada para realizar a perícia no corpo de Kiara e determinar com precisão a causa de sua morte. A Polícia Militar também foi chamada ao hospital.

A comoção em torno do caso gerou uma onda de apoio à família nas redes sociais, com muitos exigindo explicações do hospital e das autoridades responsáveis pelo atendimento. Ainda conforme a reportagem exemplar de Biguá Tá On, a diretora do hospital, Flaviane de Souza da Silva, afirmou que a criança já havia chegado sem vida na madrugada de sábado, mas os novos fatos revelados no velório colocam essa versão em dúvida.

Áureo Antonio Arruda Ramos, proprietário da Funerária São José, que foi responsável pelo velório e vem auxiliando a família, também relatou sua surpresa com o ocorrido. Ele afirmou que todos os procedimentos foram realizados conforme a declaração de óbito emitida pelo hospital e que a funerária seguiu todos os protocolos antes de realizar o velório.

Próximos passos e expectativas

A família de Kiara aguarda o resultado da investigação para entender o que realmente aconteceu com a filha e se houve falhas no atendimento prestado pelo hospital. O caso já está sendo acompanhado pelas autoridades de saúde e pela Justiça, e a expectativa é que mais detalhes sobre o ocorrido venham à tona nos próximos dias.

Enquanto isso, a comunidade de Correia Pinto e todo o estado de Santa Catarina se solidarizam com a dor da família e aguardam respostas para este caso que chocou a todos. O Conselho Tutelar e outras entidades de apoio à família estão prestando assistência aos pais da criança.

O caso segue em investigação, e novas informações serão divulgadas assim que o laudo pericial for concluído.

Foto: Reprodução / Redes Sociais

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