Cessar-fogo entre Israel e Gaza entra em vigor e é celebrado
O cessar-fogo entre Israel e grupos palestinos entrou efetivamente em vigor na madrugada desta sexta-feira (21) após 11 dias de conflitos diretos e mais de 250 mortos, no combate mais intenso desde 2014.
O dia foi de celebração dos palestinos que moram em Gaza, cidade mais afetada, com dezenas de prédios destruídos, mais de dois mil feridos e 243 mortos (incluindo 66 crianças e 39 mulheres).
Do lado israelense, são ao menos 12 mortes.
O resultado da trégua, que foi intermediada pelo Egito, trouxe também um impasse, com o governo israelense e o grupo palestino Hamas reivindicando a “vitória”. O vice-líder do grupo, Khalil al-Hayya, ainda prometeu reconstruir as casas destruídas nos ataques.
Porém, as derrotas para ambos os lados são visíveis, além das perdas humanas. Tanto a ala militar do Hamas como da Jihad Islâmica tiveram diversos de seus líderes e chefes mortos em bombardeios do Exército israelense.
Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi acusado por opositores de “fracassar”. Isso porque o país vive a expectativa para a formação de um novo governo, em uma crise política que se arrasta há dois anos.
Como o atual premiê não conseguiu consenso para formar uma base governista, o presidente Reuven Rivlin encarregou o líder da oposição Yair Lapid para tentar formar um governo e evitar a quinta eleição desde 2019.
“Os cidadãos israelenses e, sobretudo, os moradores da fronteira com Gaza sofreram com o pesado lançamento de foguetes e não obtiveram nenhum resultado. Os fracassos de Netanyahu se estendem para o Monte Meron, em Gaza, ao Monte do Templo e a Lod. É hora de ele ir embora”, disse Lapid.
Por sua vez, Netanyahu destacou que os ataques israelenses “mudaram as regras do jogo” porque o “nosso objetivo era trazer de volta a calma e a segurança aos cidadãos de Israel e nós fizemos isso”.
“Com 11 dias de guerra, mudamos as regras do jogo e para o futuro. Se o Hamas acha que aceitaremos o esporádico lançamento de foguetes , ele está errado”, acrescentou.
Reações internacionais
As reações de governos de diversos países se somam desde o fim dos ataques e, em sua grande maioria, são positivas à trégua.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou nesta sexta-feira que o governo italiano “acolhe o cessar-fogo em Israel e em Gaza e as partes devem agora se comprometer a consolidá-lo”. “O retorno ao diálogo e às negociações de paz são a única via para acabar com o ciclo de violência. Continuaremos a apoiar os esforços para levar a paz e a segurança duradouras à região”, acrescentou.
Na noite desta quinta-feira (20), o presidente norte-americano Joe Biden agradeceu ao seu homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, por ter conseguido ter um “papel relevante” nas tratativas. Biden ainda afirmou que o cessar-fogo é uma “verdadeira oportunidade” para fazer progressos pós-conflito.
O secretário norte-americano de Estado, Antony Blinken, confirmou que viajará “nos próximos dias” para o Oriente Médio e que encontrará representantes “israelenses, palestinos e regionais” para “trabalharmos juntos para construir um futuro melhor para israelenses e palestinos”.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, “aplaudiu” o anúncio da trégua” e pediu que ambas as partes “observem” o acordo.
Também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “acolhe com favor” a decisão de encerrar os combates.
“Exorto as partes a consolidá-lo para tornar o cessar-fogo sustentável e para estabelecerem a situação a longo prazo. Só uma solução política levará paz a todos e a segurança duradoura”, acrescentou.
O governo britânico, através do ministro Dominic Raab, também celebrou o acordo e disse que “todas as partes devem trabalhar para tornar o cessar-fogo sustentável e por fim ao inaceitável ciclo de violência e a perda de vidas humanas”.
Fonte: ANSA
Foto: Marcelo Pinto / APlateia