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Deputados cobram leitos de UTIs e sobem tom contra governador

O avanço da Covid-19 estado afora, com reclames generalizados por mais leitos de UTIs, e a suposta mudança da sede do Detran de Criciúma elevaram o tom das críticas ao governador Carlos Moisés na sessão desta terça-feira (21) da Assembleia Legislativa.

“Os prefeitos da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (Amfri) não têm conseguido sustentar a estrutura hospitalar sozinhos, os doentes estão sendo transferidos para outras regiões e o governo do Estado não apresenta uma política para a região da Amfri”, reclamou Ivan Naatz (PL), que defendeu a reabertura do Hospital Santa Inês, de Balneário Camboriú, fechado desde 2015.

“O governo federal vai transferir R$ 1,4 bilhão para a saúde, desta dinheirama R$ 334 mi já estão nos cofres do Estado; com o refinanciamento da dívida, o Estado vai deixar de pagar R$ 1 bi; em junho, a receita líquida subiu 12%; onde está investido este dinheiro?”, perguntou Ada de Luca (MDB).

Segundo Ada, até o momento foram empenhados R$ 278 mi e efetivamente pagos apenas R$ 179 mi.

É pouco, muito pouco mesmo. Precisa de mais agilidade para UTI, para retaguarda, médicos, intensivistas, seja o que for, a palavra-chave é planejamento, que não aconteceu. Em Laguna anunciaram hoje para o hospital Bom Jesus dos Passos a abertura da UTI de primeiro de agosto a primeiro de dezembro”, anunciou a deputada, que questionou se em janeiro e fevereiro o vírus não circulará.

Já o deputado Altair Silva (PP) relatou acerto entre os gestores de Nova Trento e a Secretaria de Estado da Saúde (SES) para implantar 10 leitos de UTI no hospital local.

“Na própria audiência, que ocorreu esta manhã, foi tomada a decisão, o Estado já manda os equipamentos para montar os leitos amanhã, monitores, respiradores e a prefeitura vai entrar com médicos, enfermeiros e a infraestrutura local. O hospital já está fazendo o credenciamento para que no máximo em dez dias tenhamos dez novos leitos”, garantiu Altair.

Padre Pedro Baldissera (PT) destacou as vidas perdidas e a dor dos familiares e amigos.

“São muitas vidas ceifadas no estado, no país e no mundo e isso tudo traz angústia e sofrimento, de maneira especial às pessoas intimamente ligadas, os familiares. A nossa solidariedade a todas as famílias que sofrem a perda dos entes queridos”, discursou o ex-prefeito de Guaraciaba.

Já o deputado Kennedy Nunes (PSD) criticou duramente o governador pela suposta mudança da sede do Detran de Criciúma, atualmente localizado no Centro, para um shopping situado no limite com o município de Içara.

“Estão querendo sair do centro da cidade para colocar no shopping, na saída de Criciúma, próximo da divisa com Içara, pagando aluguel e condomínio”, denunciou Kennedy, acrescentando que o atual prédio é próprio do estado e que a mudança seria uma “cagada”.

Dr. Vicente Caropreso (PSDB) se insurgiu contra a comparação feita por Kennedy, classificou de injusta à crítica ao governador e classificou o discurso do representante de Joinville como de baixo calão.

“Um termo muito agressivo ao senhor governador, palavras de baixo calão”, disparou Caropreso.

Maurício Eskudlark (PL) saiu em defesa de Kennedy.

“Estranho o comportamento do deputado Vicente Caropreso, esses dias falava das rodovias e rasgou elogios ao governo, mas na saúde está um caos, nas rodovias está um caos”, afirmou Eskudlark.

Coronel Mocellin (PSL) explicou que não há mudança prevista para o Detran de Criciúma, apenas a abertura de um posto de serviço no shopping.

“No shopping é um ponto de atendimento avançado, sem custo para o Estado, resultado de um termo de cooperação entre o Estado e o shopping. No Iguatemi, em Florianópolis, também tem posto do Detran”, afirmou Mocellin, que garantiu que o Detran continuará no centro de Criciúma.

Deputado Jessé LopesJessé Lopes (PSL) exibiu no telão do plenário imagens da abordagem de um policial de folga a um jovem que caminhava na orla de Itapema fumando maconha.

“Uma petulância a juventude achar que tem direito de usar droga na beira da praia. A lei é uma vergonha, é proibido vender, mas não é proibido usar, precisamos mudar a legislação”, indicou Jessé, que sugeriu o consumo de “cocô de cavalo: é verde, natural, fede, é de graça e não financia o tráfico”.

Paulinha, Nazareno, Volnei e Ismael
Os deputados Nazareno Martins (PSB) e Paulinha (PDT) retornaram às atividades depois de se recuperarem da Covid-19.

“Estou de volta depois de quase 30 dias de luta contra a Covid, quero agradecer a todos que torceram e oraram por mim, foi importante receber o carinho de vocês. De fato é das mais traiçoeiras doenças que a humanidade já viveu, (a transição) do momento em que você está bem para o de inconsciência é muito rápido, é muito difícil de se detectar se não tiver a devida assistência”, relatou Paulinha, revelando em seguida ser contra a retomada das aulas presenciais.

“Fiquei seis dias internado, mas sem gravidade”, revelou Nazareno, que desejou rápida recuperação aos colegas infectados.

Os deputados Volnei Weber (MDB) e Ismael dos Santos (PSD), que testaram positivo para o coronavírus e que ainda se recuperam da doença, receberam dos colegas solidariedade e votos de pronta recuperação.

Desafio das rodovias
Altair Silva anunciou que no dia 20 de agosto será lançado edital para projeto de revitalização da SC-283, no trecho entre Palmitos e Mondaí, às margens do rio Uruguai.

“Uma conquista importante, logo que o projeto estiver pronto, temos de mobilizar os recursos”, advogou Altair, que pediu a recuperação do trecho entre Jaborá e a BR-282, em Catanduvas.

Maurício Eskudlark agradeceu o gesto da Secretaria de Infraestrutura que, após denúncia feita pelo deputado, recuperou um trecho da rodovia que dá acesso a Água Doce.

“Quero agradecer a atenção para o reparo feito, mas é uma rodovia que não pode ficar sem empresa de manutenção para verificar os buracos que surgem”, argumentou Eskudlark, que pediu atenção às rodovias que ligam Canoinhas a Major Vieira e Porto União a Matos Costa e a Caçador.

Neodi Saretta (PT) cobrou do governo do Estado o incremento dos kits de merenda atualmente distribuídos, além de um quilo de feijão, de arroz, de fubá, trigo ou mandioca e um litro de suco de uva integral.

“O que chama atenção é valor o investido e a quantidade de cada kit, 14 milhões de reais”, afirmou Saretta, que pediu a inclusão de outros produtos, incluindo macarrão e maçã. 

Luciane Carminatti (PT) concordou com o colega e lembrou que a prefeitura de Anchieta distribui kit com 22 produtos. “Estamos formulando denúncia ao TCE/SC, ficamos estarrecidos com a lista de produtos”, anunciou.

Anestésicos em SC
Vicente Caropreso agradeceu o empenho das diversas lideranças e instituições que colaboraram para mitigar a falta de anestésicos e relaxantes utilizados nas UTIs.

“Os medicamentos anestésicos chegaram graças a esforços de parlamentares federais, do governo federal, do Exército Brasileiro e da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa”, relatou o parlamentar, que cobrou a atenção da SES, haja vista que alguns hospitais ainda não receberam os medicamentos.

Luciane Carminatti destacou a discussão, na Câmara dos Deputados, sobre o Fundeb, fundo responsável pelo financiamento da educação básica, cujo funcionamento expira em 31 de dezembro de 2020.

Carminatti defendeu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n15, de autoria da Professora Dorinha (DEM/TO). Segundo a representante de Chapecó, a PEC eleva de 10% para 20% a contribuição da União, prevê o uso de 70% para a carreira do Magistério e retira do fundo o pagamento dos aposentados.

“Ano quem vem ao invés de 10%, seria 12,5%, até chegarmos em 2026 com 20%”, explicou.

Reforma da previdência
Bruno Souza (Novo) voltou a defender uma reforma da previdência que de fato alivie o caixa do Tesouro.

“Temos na Casa tramitando o projeto da previdência estadual, dezoito estados já aprovaram a reforma com temas que não foram abordados aqui no projeto do Executivo, que foi tímido. O governo não teve coragem para fazer o que é necessário, liderar não é agradar 100%, o Executivo teve medo de desagradar”, concluiu Souza.

De acordo com o representante de Florianópolis, de 2009 a 2018 o dispêndio de recursos do Tesouro para tapar o buraco da previdência cresceu quase 450%.

“Se cresce assim uma despesa, é lógico que esse dinheiro tem de sair de algum lugar e quem sofre primeiro é o investimento em infraestrutura, e aí nossas rodovias começam a ficar do jeito como estão hoje, as rodovias que mais matam no Brasil”, lamentou.

Foto: Solon Soares

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