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Dr. Bruno Effori, delegado de Polícia agora é colunista Mesorregional

Dr. Bruno Eeffori, delegado de Polícia Civil aqui de Santa Catarina e atual coordenador da 4ª Delegacia de Combate à Corrupção de Blumenau passa a escrever quinzenalmente ao Mesorregional na editoria de Segurança Pública.

Confira abaixo o seu primeiro artigo, já publicado na nossa versão impressa:

O passado presente

O dia 15 de agosto de 1909, na cidade de Piedade no Rio de Janeiro, marcou a morte de Euclides da Cunha, membro da Academia Brasileira de Letras (1903) e autor da obra-prima “Os Sertões”, que retratou a Guerra de Canudos, no interior da Bahia.

Euclides tinha 4 filhos com Ana Emília da Cunha, com quem era casado desde 1890. Quando nasceu o quinto filho, uma criança de pele clara e cabelos loiros, Euclides começou a desconfiar de sua esposa já que toda a família era morena. Desde então, Euclides chamava o filho de “a espiga de milho no meio do cafezal”.

Ana Emília estava envolvida em um caso amoroso com Dilermando de Assis. Descoberta a traição e disposto a “limpar seu nome”, Euclides foi armado até a casa de Dilermando, que reagiu e matou Euclides. Assim terminava a vida de um dos mais célebres escritores brasileiros.

A sociedade patriarcal e machista da época parecia exigir do homem uma postura dominadora, autoritária e provedora da família. Qualquer ameaça ao poder de um marido ou pai podia levá-lo a cometer os mais variados crimes, tudo em defesa de sua suposta honra e com o apoio da sociedade.

O uxoricídio, terminologia jurídica usada para definir o marido que mata sua esposa, era visto na tradição popular como um crime praticado por um homem transtornado e privado de sua inteligência, quase que uma justificativa que autorizava que a adúltera fosse morta por transgredir aquilo se esperava dela. A esposa tinha que ser a imagem pública da vida do marido.

Este relato verídico aconteceu há pouco mais de 100 anos, mas está muito presente em nossa sociedade atual, infelizmente. Notícias diárias dão conta de diversas formas de violência contra a mulher, quase que como uma repetição histórica da imposição da vontade masculina. Em linhas gerais, foi diante destas desigualdades historicamente acumuladas que a “Lei Maria da Penha”, sancionada em agosto de 2006, surgiu com o objetivo de criar mecanismos de proteção à mulher e equalizar as diferenças de gêneros impostas pela sociedade em tempos remotos.

Em um país que ocupa as primeiras colocações do ranking de violência contra a mulher, o “Agosto Lilás” é o mês de conscientização sobre o combate a este tipo de violência. Vale a reflexão.

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