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Estupradores têm mãos pequenas?!

Confira mais um artigo do Dr. Bruno Effori, delegado de Polícia Civil aqui de Santa Catarina e atual coordenador da 4ª Delegacia de Combate à Corrupção de Blumenau, que passou a escrever quinzenalmente ao Mesorregional na editoria de Segurança Pública:

Foi durante o século XVI que as características físicas de uma pessoa como a boca, orelha, mãos e crânio passaram a ter relevância para afirmar a natureza criminosa de alguém e nortear algumas investigações criminais da época.

Inicialmente, a anatomia do crânio (frenologia) de uma pessoa foi utilizada para determinar a sua personalidade criminosa. Franz Gall, médico e anatomista alemão, dizia que o cérebro humano era composto por 33 “órgãos”, entre eles os órgãos do homicídio, do roubo e da astúcia.

Anos depois, a antropometria serviu de base para que o psiquiatra italiano Cesare Lombroso estudasse a fisionomia de mais de 20 mil criminosos nas cadeias italianas. Seu objetivo era traçar a “aparência física do criminoso”, aquele delinquente de nascença e que cometeria crimes diante de uma característica hereditária que era visível em sua aparência física.

No livro “O Homem Delinquente” (1876), Lombroso descreveu fisicamente alguns perfis criminosos: os assassinos possuem maxilares grandes, barba rente e rosto pálido. Assaltantes apresentam crânio arredondado e mãos longas. Estupradores têm mãos pequenas e testa estreita. Trapaceiros são pesados e com grandes mandíbulas e assim por diante.

Uma das vertentes desta teoria sustentava que o delinquente deveria ser aprisionado antes mesmo do cometimento de um delito, já que suas características físicas imutáveis o levariam a cometer futuramente um crime. Era uma forma de prevenção social.

Rapidamente esta teoria cativou o imaginário popular e as pessoas passaram a analisar a anatomia alheia, num verdadeiro checklist morfológico do criminoso. Os integrantes da segurança pública também foram influenciados e passaram a pautar suas ações, investigações e abordagens com base no biotipo do indivíduo.

Embora seja uma teoria preconceituosa, discriminatória e que naturalmente caiu em desuso, é certo que ainda nos dias de hoje alguns padecem de suas influências. Mais do que nunca devemos ser diligentes para que sugestões desta natureza sejam erradicadas de nossas condutas e opiniões.

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