Guerra contra a Ucrânia ou Guerra contra o Globalismo?
Em 1704, o economista Samuel Ricard criou a “teoria do comércio gentil”, afirmando que a atividade ligaria as pessoas através da “utilidade mútua”, levando o mundo à paz. Esse conceito foi repetido por Adam Smith, em “A Riqueza das Nações”, em 1776 e voltou a repercutir no iluminismo francês, com Montesquieu e Voltaire no ensaio “Paz Perpétua”, de 1795. De fato, países capitalistas e globalizados se mantiveram em paz até os tempos atuais, as exceções são bastante raras e geralmente têm a interferência de governos autoritários que negaram o movimento econômico em questão. Democracias geralmente não entram em conflitos entre si.
Imagine que você é um líder estatal e quer explodir um país vizinho. Entretanto, é este país que produz boa parte do milho que o seu povo precisa para desenvolver a pecuária, principal fonte de renda de sua nação. Além disso, um conflito bélico com o referido território ainda poderia não ser recebido com o beneplácito de seus outros vizinhos, vez que a confusão que você causar poderia prejudicar as exportações e importações destes. Isso é globalização, um fenômeno do modelo econômico capitalista, que já foi capaz de levar a paz a países onde até então ela era inalcançável.
A invasão da Rússia à Ucrânia é um atento ao globalismo, um deletério à paz mundial promovida por este fenômeno. Ninguém fecha os olhos para outras guerras, mas até então, desde 1945 nenhuma outra ameaçou tanto o mundo capitalista quanto esta. A justificativa é obscura, Putin apenas diz que não aceita a entrada da Ucrânia na OTAN.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma união político-militar entre países aliados dos Estados Unidos, criada durante a Guerra Fria para formar uma barreira contra a então poderosa União Soviética (URSS), que, por sua vez, já nem existe mais.
Entretanto, a Ucrânia não faz mais parte da URSS e se junta à organização que quiser. Não compete ao kremlin dizer o que ela pode ou não fazer.
SWIFT – A principal arma da globalização contra a Rússia
Engana-se quem pensa que a principal arma contra os russos estaria relacionada a explosões atômicas ou ataques químicos. Em um mundo capitalista como o que vivemos, o melhor jeito de se punir um país de amplo comércio internacional como a Rússia é lhe atribuindo sanções através do SWIFT, um sistema financeiro global que permite aos países enviar e receber valores entre si.
Se a Rússia for excluída do SWIFT estará impossibilitada de permanecer atuando no comércio internacional pelos meios tradicionais. O problema é que da mesma forma que a medida afeta a nação agressora, acabará também afetando, por tabela, aqueles que fazem negócio com ela. Infelizmente, os efeitos chegariam até mesmo ao Brasil, que compra boa parte de seus fertilizantes da Rússia.
Atualmente, os líderes mundiais, apesar de considerar a possibilidade, ainda não se mostram empedernidos, por unanimidade, quando tratam da exclusão da Rússia do SWIFT, pois se usarem sua principal arma econômica e ela não funcionar, provavelmente será o fim do mundo globalizado como o conhecemos. Portanto, se ela chegar a ser utilizada, precisamos torcer para que dê certo, pois se não funcionar, que Deus nos ajude.
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