Incêndio em Blumenau reforça críticas à centralização da Operação dos Bombeiros e a preocupação aumenta
Em junho de 2024, o Mesorregional alertou, em uma matéria especial publicada tanto na edição 23 do jornal impresso, quando no nosso site sobre os impactos negativos das mudanças no atendimento de emergências em Blumenau e região. Uma dessas mudanças foi a centralização da Central de Operações do Corpo de Bombeiros Militar em Balneário Camboriú, implementada em maio de 2024. Desde então, há relatos constantes de atrasos na geração de ocorrências e, consequentemente, na chegada das viaturas aos locais de urgências e nós mesmos já constatamos isso.

O caso de maior proporção e repercussão até o momento ocorreu nesta quinta-feira (23), com o incêndio de grandes proporções que destruiu quase dez estabelecimentos em frente à Catedral São Paulo Apóstolo, na Rua XV de Novembro. Além da demora na chegada das equipes, há relatos de falhas no atendimento telefônico do 193.
O próprio padre Marcelo Martendal, pároco da Catedral, afirmou em entrevista à Rádio Menina que ligou três vezes para o Corpo de Bombeiros Militar, mas não foi atendido. Diante da situação, recorreu ao número 199, da Defesa Civil. O relato, feito com indignação, reforça as preocupações sobre a eficácia da nova centralização.

A principal crítica à centralização de centrais de operações em cidades distantes envolve dois problemas graves: o acúmulo de chamadas e a falta de conhecimento da equipe sobre as peculiaridades regionais. Um atendente baseado na cidade onde ocorre a emergência conhece melhor os pontos críticos e vias de acesso, o que pode agilizar o tempo de resposta.
Além disso, o Mesorregional apurou que o Comando do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina pretende levar a central única de atendimento para Florianópolis, reunindo chamadas de todo o estado. A medida gera preocupações, pois se a centralização em Balneário Camboriú já gerou atrasos, a mudança para a capital pode comprometer ainda mais a eficiência do serviço.
Até o momento, o Governo do Estado não se manifestou oficialmente sobre o caso do incêndio em Blumenau, nem sobre os relatos de atrasos e falhas no atendimento telefônico do 193.
A pergunta que fica é: quanto vale uma vida?
Foto em destaque: Giovanni Silva / PMB