Naatz Vs. Zinder e o caso do Centro de Eventos de Balneário Camboriú
Na última terça-feira, dia 15/06/21, a Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa de Santa Catarina ouviu o Secretário Executivo de PPPs do estado, Ramiro Zinder, que esteve a frente do projeto de concessão do Centro de Eventos de Balneário Camboriú para a iniciativa privada. A íntegra da oitiva pode ser vista aqui.
Aquilo que foi chamado de “debate” por parte da imprensa, na verdade foi apenas uma espécie de “inquirição extraoficial voluntária”. Tanto Naatz, como Zinder, foram bem em seus papéis. O primeiro voltando a fazer o estilo que mais destacou sua carreira parlamentar, o de “pedra no sapato do Executivo”, e o segundo como um gestor eficiente, raridade no governo estadual atual.
O que pretendia ser monótono e sem muitos esclarecimentos concretos, talvez tenha nos dado tantas informações quanto a entrevista que o ex-presidente americano Richard Nixon deu a David Frost, no escândalo Watergate, em 1977. E não, não pretendo, com isso, dizer que parte A ou B está certa, muito pelo contrário, ainda há muito que ser apurado para tomar qualquer frente.
Ivan Naatz é do Partido Liberal e Ramiro Zinder, apesar de ser um liberal convicto, não é seu correligionário. O doutor em psicologia pela UFSC, ex-coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) e dono de uma empresa especializada em Gestão profissional há mais de 12 anos, desde 2019 mergulhou de cabeça no mundo das PPPs, acreditando ser este o marco inicial para fazer de nosso país um ambiente mais livre.
Sem muitos rodeios, todas as perguntas foram respondidas por Zinder de forma tão eficaz quanto foram confeccionadas por Naatz, de modo a esclarecer quase que por completo a ideia e possibilitar que o eleitor tirasse suas próprias conclusões iniciais sobre o caso, que reitero: ainda tem muito a ser esclarecido.
Se cada político tem um dom, poderia dizer que o de Naatz é ser oposição e o de Ramiro é ser gestor. Zinder tem feito um inteligente trabalho de usar o Estado contra ele próprio em prol da desestatização de serviços que, enquanto públicos, estão condenados a nunca funcionarem direito. Seu trabalho a frente da SCPar é um destaque positivo no governo atual.
Entenda o caso:
Ivan Naatz, atualmente deputado estadual pelo PL, tem travado uma extensa briga política na Assembléia Legislativa com sua ex-companheira de partido, a também deputada Paulinha (sem partido). A briga já ocorre desde que ambos assumiram seus cargos.
Paulinha foi prefeita de Bombinhas, onde introduziu a Taxa de Preservação Ambiental (TPA), que deve ser paga por quem visita a cidade. Ela teve um cabo eleitoral de peso em Blumenau, durante sua campanha: o ex-vereador Fábio Fiedler, um dos principais algozes de Naatz na câmara municipal.
Fiedler está afastado da política junto com seu ex-correligionário Robinsom Soares, o Robinho, em razão de condenações no TSE por resultado da Operação Tapete Negro. Durante o período que estão afastados, os dois se juntaram para abrir uma empresa chamada “Insight Gestão e Consultoria”, que tem concorrido a diversas licitações por todo o estado.
Ao contrário do que Naatz indicou na última terça, a cobrança do TPA de Bombinhas não é de responsabilidade da empresa, na verdade pertence a Telmesh Tecnologia e Sistemas, que não possui qualquer conexão com os envolvidos. A Insight, na verdade, tem a concessão para cobrança de TPA em outra cidade, em Governador Celso Ramos.
A discussão em tela se deu porque a Insight apareceu como uma das empresas que fazem parte do “Consórcio BC Eventos”, composto também pela Quality Empresarial, que venceu a licitação para gerenciar o Centro de Eventos de Balneário Camboriú. Ivan não gostou nada disso e usou seu cargo de presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente na ALESC para iniciar tratavias a fim de buscar um fato determinado para criar uma nova CPI no Governo Moisés, a fim de investigar a contratação. O deputado oposicionista não é nada bobo e sabe que, politicamente, tal CPI poderia lhe dar a reeleição, no ano que vem, que ainda é bastante incerta.
Seja lá quem tiver razão na história, fato é que a briga parece muito mais pessoal do que política e o melhor conselho que se pode dar a quem faz política é que ela não se faz com o fígado, mas com a cabeça. Que a verdade seja apurada e o erário público defendido. Libertas quae sera tamen.
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