No trânsito, salve-se quem puder, meu São Cristóvão!
Por Marcia Pontes, colunista do Notícias Vale do Itajaí:
Tudo bem que o Dia do Motorista é todo santo dia, mas já que nos colocaram no calendário, vamos comemorar. Ou melhor, antes disso, vamos refletir sobre o significado e a origem do Dia do Motorista, comemorado no dia 25 de julho, que também é o Dia de São Cristóvão, considerado o padroeiro dos motoristas e viajantes. Não é fácil ser motorista em uma cidade como Blumenau, que aliás, reflete o mesmo padrão de dificuldades das grandes cidades: frota que não pára de crescer, ruas que não têm mais para onde esticar e um comportamento que reflete a loucura dos tempos atuais: muito individualismo, egoísmo, buzinas que mais parecem latidos de cães territorialistas na defesa de um espaço que se acredita particular em uma via que é pública (e público não quer dizer que não seja de ninguém, é de todos). Mas, em meio a isso tudo, quem nos salva são aqueles que fazem a coisa certa. E vai para eles os nossos cumprimentos.
Dia 25 de julho é Dia de São Cristóvão, santo católico considerado o padroeiro dos motoristas no Brasil. Cristóvão significa “aquele que carrega Cristo”. Reza a lenda que São Cristóvão antes de ser santo queria servir ao rei mais poderoso da terra, e pensando ser este o diabo, decidiu venerá-lo. Em uma de suas viagens, Cristóvão conheceu um ermitão que revelou-se ser Jesus Cristo, o “rei dos reis” e a entidade mais poderosa do Universo. Arrependido, Cristóvão decidiu abandonar a vida de luxos e maldades para seguir a palavra de Cristo e tornou-se santo.
Durante parte de sua vida, São Cristóvão trabalhou transportando pessoas nas costas para que pudessem atravessar um rio. De certa feita, colocou um menino nas costas e ao transportá-lo sentia o peso aumentando, até que disse: “parece que estou carregando o mundo nas costas”. De pronto ele ouviu “Tiveste às costas mais que o mundo inteiro. Transportasse o criador de todas as coisas. Sou Jesus, aquele a quem serves.” Foi assim que São Cristóvão tornou-se o padroeiro dos motoristas e dos viajantes.
Assim como São Cristóvão, muitos motoristas sentem carregar o mundo nas costas diante de tantas dificuldades pelo caminho. Nas cidades, e inclusive na nossa, é uma dificuldade enorme para quem dirige caminhão e faz entregas: o tráfego e o estacionamento são proibidos em muitas vias que tornariam a viagem mais curta, sobretudo, em via urbana. O motivo: caminhões são pesados, as vias urbanas na sua maioria não comportam tanto peso e podem ser danificadas. Caminhões são grandes, complicam o tráfego e ocupam mais de uma vaga. E assim, seguem os motoristas de caminhão carregando o mundo e os itens de primeira necessidade nas costas.
Assim como São Cristóvão os motoristas de um modo geral saem carregando o mundo nas costas cada vez que os comportamentos inadequados se manifestam por parte de outros motoristas. É o coleguinha abençoado por São Cristóvão que muda de faixa sem dar seta e quase provoca a colisão (quando não a provoca), é o apressadinho que acelera no sinal amarelo e provoca a colisão em área de cruzamento semafórico, que acelera onde tem faixa de pedestres, é o pedestre que se joga na faixa de inopino, com falta de cautela devida, e por aí vai.
Não podemos esquecer daqueles que trabalham no planejamento e na gestão do trânsito, que carregam muito mais decisões e responsabilidades nas costas, e que também são motoristas (e, pelo jeito, bons enxadristas).
Na verdade, estamos todos no mesmo barco, transportando ou sendo transportados o tempo todo: há quem transporte cargas de todos os tipos, quem transporte pessoas, sonhos, outras pessoas que precisam de ajuda, há quem transgrida em meio a isso tudo e ainda coloque a culpa nos outros. O fato é que no trânsito estamos todos sujeitos às mesmas dificuldades e possibilidades causadas pelo impacto do crescimento da frota, das cidades que cresceram demais sem planejamento viário correspondente e hoje vive os gargalos, os engarrafamentos, a lentidão nossa de cada dia.
Que não só nesse Dia do Motorista, mas em todos os outros dias os nossos comportamentos mudem, e para melhor, em meio a esse “Salve-se quem puder”.
Márcia Pontes
Especialista em Trânsito
Representante do Maio Amarelo em Santa Catarina
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