O crescente abandono de animais domésticos
Além de um ato criminoso, o desamparo é algo que poderia ser evitado caso a pessoa tivesse consciência das responsabilidades que existem por trás da adoção.
A companhia de animais de estimação pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. A presença de um pet representa uma forma de espantar a solidão, principalmente em tempos de pandemia. Segundo informações do Portal Agência Brasil, a predisposição de ter animais em casa tem crescido. Mas, outra forte tendência percebida, em tempos de pandemia ou de festas de fim de ano, é o aumento do número de animais abandonados, que além de ser um ato criminoso, poderia ser evitado caso a pessoa tivesse consciência das responsabilidades que existem por trás da adoção de um animal doméstico.
O diretor de educação ambiental e bem-estar animal do Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread), Ricardo Sieves, diz que, infelizmente, todo fim de ano registramos um aumento de cerca de 30% no número de abandono de animais, em Blumenau. “As pessoas planejam suas férias e esquecem que cães e gatos dependem de seus tutores e que, assim como nós, sentem fome, medo e frio. Por conta disso, a demanda por atendimento no Cepread também aumenta. Nós não recolhemos os animais das ruas, porém, quando abandonados, os animais ficam expostos a situações de perigo e tendem a se machucar com mais frequência. E é aí que entra o nosso trabalho: o de realizar o atendimento médico veterinário desse animal. Por isso, o nosso apelo de todos os anos é para que a população se conscientize de que a prática do abandono de animais é crime previsto em lei, com pena de multa, prisão e perda da guarda do animal”, acrescenta o diretor.
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Segundo o advogado, Gabriel Coelho, a Lei Federal nº 9.605/98 dispõe de sanções derivadas das condutas lesivas para com os animais e o meio ambiente. “Em setembro deste ano, entrou em vigor a Lei 14.064, que aumenta a pena para quem maltratar cães e gatos, variando entre três meses e cinco anos de reclusão, multa e ainda a perda da guarda do animal. Vale ressaltar que, em caso de morte, a pena é agravada. A abrangência da lei de maus-tratos envolve a todos, sem exceções, sejam criadores, médicos veterinários, protetores e prestadores de serviço, como pet shops. O crime não está configurado nos casos de animais que ficam sozinhos durante algumas horas, para que o tutor estude e trabalhe, mas está configurado para as pessoas que ficarem sem ação ao tomar conhecimento de um caso de maus-tratos, tornando-se conivente com o crime”, declara Coelho.
O médico veterinário, Luciano Egilio de Oliveira, diz que o abandono de animais é um ato de covardia e irresponsabilidade do ser humano. “Além de ocasionar sofrimento a um ser tão puro e indefeso, ainda pode ocasionar acidentes de trânsito e favorecer a disseminação de doenças infecto-contagiosas, tendo impacto direto na saúde pública do município. O abandono também traz algumas consequências para o animal, como desidratação, e insolação, por exemplo. Por isso, eu falo para as pessoas que tenham amor, consciência e responsabilidade. Não abandonem“, comenta Oliveira.
Danúbia de Souza, uma das principais e mais atuantes protetoras de animais de Blumenau, diz que as pessoas precisam se conscientizar que, ao adotar um animal, elas são responsáveis por ele até o fim da vida. Além de amor, os donos precisam dar condições dignas para esse bichinho. Ele precisa de alimentação, vacinação anual, castração, atendimento veterinário quando necessário, um espaço adequado na casa ou apartamento e por aí vai. Não adianta adotar para deixar acorrentado ou não oferecer condições dignas para esse bichinho. Isso também é uma forma de abandono. Já, ao largar um animal na rua, as pessoas devem ter o discernimento de que estão matando seu amiguinho aos poucos. Os animais domésticos passam fome, sede, e ficam expostos às mais diversas crueldades. Dificilmente um animal sobrevive nessa condição”, finaliza Danúbia.
Foto: Pixabay / Divulgação