Organização Mundial da Saúde declara pandemia de coronavírus
Por Agência Brasil
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, declarou nesta quarta-feira (11) que a organização elevou o estado da contaminação pelo novo coronavírus como pandemia. O anúncio surge quando há mais de 115 países com casos declarados de infeção.
A mudança de classificação não se deve à gravidade da doença, e sim à disseminação geográfica rápida que o Covid-19 tem apresentado. “A OMS tem tratado da disseminação [do Covid-19] em uma escala de tempo muito curta, e estamos muito preocupados com os níveis alarmantes de contaminação e, também, de falta de ação [dos governos]“, afirmou Adhanom no painel que trata das atualizações diárias sobre a doença. “Por essa razão, consideramos que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia“, explicou durante a conferência de imprensa em Genebra.
Adhanom disse que mudança ocorre depois que, nas últimas duas semanas, o número de casos fora da China se multiplicou por 13. Para evitar criar o pânico, ele acrescentou, “não podemos dizer isto de forma mais clara ou contundente. Todos os países podem mudar o curso desta pandemia“.
“Estamos nisto juntos e precisamos de fazer com calma aquilo que é necessário“, frisou o responsável da OMS.
O diretor-geral para situações de emergência, Mike Ryan, sublinhou por sua vez que a utilização da palavra “pandemia” é meramente descritiva da situação e “não altera em nada aquilo que estamos fazendo“.
Pandemia
Segundo a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença. O termo é utilizado quando uma epidemia – grande surto que afeta uma região – se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Atualmente, há mais de 115 países com casos declarados da infecção.
A questão da gravidade da doença não entra na definição da OMS de pandemia que leva em consideração apenas a disseminação geográfica rápida que o vírus tem apresentado.
Ao caracterizar o Covid-19 como uma pandemia, Tedros Adhanom afirmou que o termo não deve ser usado de forma leviana. “Pandemia não é uma palavra a ser usada de forma leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários“, declarou.
A última vez que a OMS declarou uma pandemia foi em 2009, para o H1N1. Estima-se que a doença tenha infectado cerca de 1 bilhão de pessoas e matado milhares no primeiro ano de detecção.
Ainda segundo a OMS, uma pandemia de gripe ocorre quando um novo vírus emerge e se espalha pelo mundo, e a maioria das pessoas não tem imunidade.
Há 100 anos, o mundo enfrentou uma outra pandemia, a de gripe espanhola. Estima-se que entre 50 e 100 milhões de pessoas tenham morrido entre 1918 e 1920.
Na semana passada, em entrevista à Agência Brasil, o médico infectologista Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou que o Brasil está mais preparado para lidar com o Covid-19 do que estava, em 2009, para enfrentar a pandemia da gripe H1N1. Segundo ele, a população precisa se manter informada, mas não há razão para pânico.
No Brasil
Na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a declaração de pandemia não muda as medidas no Brasil. O país continua com o monitoramento das áreas atingidas e com as iniciativas e protocolos já anunciados.
Nesta quarta-feira (11), o número de casos confirmados no Brasil chegou a 52. O novo número foi divulgado pelo Ministério da Saúde no fim da tarde, na segunda atualização publicada do dia. O novo balanço marca um pulo de 15 casos em relação ao divulgado mais cedo, quando o sistema da pasta havia contabilizado 37 casos.
A maioria das novas pessoas infectadas veio de São Paulo, que saiu de 19 no balanço mais cedo para 30. O Rio de Janeiro foi de 10 para 13 casos confirmados. Brasília subiu de uma para duas pessoas nessa situação. Além desses estados, já tiveram casos identificados a Bahia e o Rio Grande do Sul (2), além de Alagoas, Minas Gerais e Espírito Santo (1).
Entre as duas atualizações, os casos suspeitos saíram de 876 para 907. Já os casos descartados também aumentara, de 880 para 935.
Foto: Augustin Marcarian / Reuters