Pré-Candidatos de Blumenau à Deputado Estadual em 2022
Faltando onze meses para as eleições de 2022, pré-candidatos a Deputado Estadual de Blumenau já começam a mover suas peças políticas e organizar o “meio de campo”. Quem ainda não se movimentou já está atrasado para o jogo.
Considerando que existem 40 vagas para Deputado Estadual em Santa Catarina e 13 dos deputados atuais já deixaram claro que não pretendem concorrer a uma reeleição, dentre eles 2 blumenauenses (Ismael dos Santos, Ricardo Alba), além de Jean Kuhlmann, que chegou a assumir uma cadeira na Alesc por 2 meses e não pretende mais concorrer ao cargo, enumerei abaixo algumas das principais apostas da cidade para o próximo pleito, afinal acredito que ficaremos novamente com uma média entre 2 e 4 vagas.
Ivan Naatz (PL) – Desponta como o único dos atuais deputados blumenauenses que tentará a reeleição. O problema de Ivan é a legenda, pois em 2018 ele conseguiu ser eleito com 14.685 votos, e, apesar de ser difícil prever um resultado sem que a nominata esteja definida, calculo que concorrendo pelo PL em 2022 ele precise de, no mínimo, o dobro de sua votação de 2018. Para alcançar seu objetivo, Ivan está cada vez mais próximo de seu líder partidário, o pré-candidato a governador e atual senador Jorginho Mello, que é da base governista no Senado e, portanto, acaba se aproximando também, por tabela, de apoiadores do próprio Jair Bolsonaro. A ideia é certamente tentar surfar um pouco da onda bolsonarista que claramente ainda perdura em Santa Catarina e de lá extrair os votos que lhe faltam. Acredito que o marketing eleitoral de Ivan será focado em sua atuação na CPI que apurou irregularidades no Governo Moisés e em contendas envolvendo licitações estaduais.
Egídio Beckhauser (REPUBLICANOS ou UNIÃO BRASIL) – É o atual presidente da Câmara de Vereadores de Blumenau e faz parte da base governista, logo, é o vereador que possui uma quantidade de poder político mais próxima à do prefeito municipal, em Blumenau. Ele tem acesso à praticamente todos os eventos que a prefeitura é convidada, representa a câmara perante diversas entidades, além de, por tradição, normalmente não votar na casa legislativa e, portanto, não se indispor com nenhum público. Espera-se que alcance uma votação bastante considerável, entretanto ainda não se sabe por qual partido irá concorrer. Egídio está atualmente no Republicanos, partido ligado à Igreja Universal, e sua vontade inicial era concorrer pelo União Brasil (novo partido resultado da fusão entre DEM e PSL), entretanto se ele optar por se filiar à nova legenda pode acabar colocando em discussão o seu mandato, uma vez que o Republicanos já lhe deixou claro que não abrirá mão da vaga na Câmara Municipal e o assunto pode gerar uma contenda judicial futura.
Marcos da Rosa (UNIÃO BRASIL ou outro) – Marcos, que atualmente é vereador pelo DEM, está trabalhando em sua pré-candidatura há algum tempo, demonstrando uma atitude política cada vez mais bolsonarista na Câmara de Vereadores de Blumenau. É preciso lembrar que nem sempre Marcos foi tão defensor das ideias do atual mandatário nacional. Em 2014, por exemplo, ele já era vereador quando a câmara municipal aprovou uma moção de repúdio ao então deputado Jair Bolsonaro em razão dos fatos envolvendo a também deputada Maria do Rosário. Apesar de ter votado contra a moção, Marcos não fez qualquer defesa pelo voto contra. O atual vereador foi eleito com muitos votos provindos da Igreja Assembléia de Deus, da qual faz parte, então a saída de Ismael dos Santos do pleito estadual lhe ajuda bastante. Não nutre, porém, a esperança de ser o candidato apoiado pela convenção estadual da igreja, já estando a trabalhar com outros currais eleitorais. Sobre o partido, ainda não está definido que realmente concorrerá pelo União Brasil, seu caminho natural. Segundo ele, já recebeu convites de partidos como o Pros, o Patriotas e o PTB. Vale lembrar que a legenda ainda possui dois outros prováveis candidatos de peso para o pleito estadual: Egídio Beckhauser (situação ainda indefinida) e João Paulo Kleinubing (com filiação já encaminhada).
João Paulo Kleinubing (UNIÃO BRASIL) – O ex-prefeito quer voltar a comandar a cidade e entedeu que, para isso ser possível, precisa virar Deputado Estadual. Com a debandada dos deputados blumenauenses, abriu-se uma vaga quase certa para JPK na Alesc, que só deve ser preterida por decisão dele próprio, caso não consiga conciliar com seus estudos para o doutorado que está fazendo no Reino Unido, em Oxford. Kleinubing é, certamente, o grande nome do União Brasil para a Assembléia Catarinense em 2022, sendo este o partido que ainda abarcará a campanha do atual prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, como candidato a governador.
André Espezim (PODEMOS) – É homem de confiança do prefeito Mário e atual Secretário de Comunicação. Não possui apoio popular e seu nome não significa muito em currais eleitorais tradicionais, entretanto Mário já provou, nas últimas eleições municipais, que dá preferência para fidelidade à popularidade. André terá uma árdua tarefa, pois precisará de cerca de 40 mil votos para se eleger e encontrará um adversário bastante forte na cidade, Egídio Ferrari, que também já encaminhou sua filiação ao Podemos para concorrer. Será uma bela disputa.
Egídio Ferrari (PODEMOS) – O delegado que teve discussões acaloradas pela imprensa com o delegado regional Rodrigo Marchetti, o qual chegou a tranferi-lo para Brusque no início deste ano, parece ter decidido concorrer pelo Podemos, do prefeito Mário Hildebrandt. As relações entre Egídio e o prefeito já eram estreitas, visto que sua esposa trabalha há 3 anos em uma gerência na controladoria do município, entretanto o fator decisivo para a decisão do atual delegado foi ter conquistado o apoio do Delegado Ulisses Gabriel, do sul do estado, que alcançou 28.183 votos no pleito de 2018 e não será candidato em 2022. Entendo que o maior problema de Egídio será conseguir conquistar os 40 mil votos que sua legenda pode acabar exigindo sem ser o candidato principal apoiado pelo prefeito Mário, uma vez que Egídio esteve bem próximo de filiar-se a partidos como o Cidadania e o Novo, onde a exigência de votação deve ser bem menor. Claro que antes das nominatas estarem definidas qualquer estimativa ainda é bem rasa.
Bruno Winzewski (NOVO) – O processo seletivo do partido ainda está em aberto, mas estima-se que Bruno acabe sendo o candidato da cidade para o pleito estadual. Ele é dono da Padaria Kibaguetti, no bairro Garcia, e se apresenta como libertário. Entendo que enfrentará alguns problemas políticos, como a debandada de filiados que vem ocorrendo dentro de seu partido e a disputa interna, que deve trazer nomes como Lucas Gottardo, de Balneário Camboriú, que teve 12.039 votos nas urnas em 2018. Lucas deve apoiar Bruno Souza para Deputado Federal, enquanto o candidato de Blumenau deve apoiar Gilson Marques, de Rio do Sul, afinal há várias figuras conhecidas da “velha guarda” do diretório municipal do Partido Novo de Blumenau trabalhando no gabinete de Gilson. Se analisarmos o cenário de 2018, parece existir um leve favorecimento ao candidato blumenauense no apoio, visto que Gilson fez 2.394 votos em Blumenau contra 1.187 de Bruno Souza e, em Balneário Camboriú, Gilson fez 548 contra 538 de Souza, entretanto não se trata de um comparativo muito justo, pois um concorreu a Federal e outro a Estadual, logo este último teve maior concorrência.
Almir Vieira (PP) – Deve ser o nome escolhido para o partido para Deputado Estadual em 2022. Atual vereador, Almir é ex-sargento do exército. Nesta última legislatura Almir tem se mostrado um vereador atuante e melhorou consideravelmente sua prática legislativa, sendo o autor de um dos principais projetos em tramitação na casa – o Projeto de Emenda à Lei Orgânica 89/2021 – do qual já tratei aqui e que pode tornar a profissão de vereador, em Blumenau, um ofício bem mais útil e liberal. O bônus de Almir seria a ida de Bolsonaro ao PP, que poderia lhe gerar um forte apoio da ala bolsonarista catarinense.
Gilson Souza (PATRIOTA) – É atual vereador pelo PATRIOTA na Câmara Municipal de Blumenau e é o candidato natural pelo partido à ALESC. Gilson tem investido no liberalismo como pauta principal de seu mandato. Nas últimas eleições municipais não usou fundo eleitoral e nem mesmo o tempo de TV e Rádio que teria direito como forma de protesto a utilização de dinheiro público em campanhas políticas. Atualmente, Gilson é um dos vereadores com atuação mais voltada ao liberalismo dentro da Câmara de Vereadores de Blumenau.
Jefferson Schmidt (PATRIOTA) – É atualmente coronel da Polícia Militar e não é filiado a qualquer partido, apesar de ter muito apreço ao Patriota, que ajudou a fundar em Santa Catarina, já tendo sido candidato pelo antecessor PEN em 2014. Entretanto, problemas internos como a falta de estrutura partidária, uma boa nominata e definição de apoio à presidenciáveis podem levar Jefferson a declinar da ideia de concorrer.
Adriano Pereira (PT) – É o candidato natural para Deputado Estadual em eventual dobradinha com Ana Paula de Lima para o pleito de 2022. Adriano já é vereador experiente, sempre atuando na oposição e demonstrou coerência com sua ideologia partidária, entretanto, com os outros nomes que o PT tem no estado e a estrutura que eles têm a disposição, acho difícil sobrar uma vaga para Adriano.
Rodrigo Marchetti (PSD) – Com a oficialização da candidatura de Egídio Ferrari pelo Podemos e debandada de fortes nomes políticos do pleito estadual pelo PSD, acredito que seja muito difícil que delegado Marchetti não esteja na nominata do partido. Rodrigo foi candidato a vereador em 2020 e fez 1.831 votos em Blumenau, sendo o segundo mais votado da legenda (diferença de pouco mais de cem votos para a eleita Silmara Miguel). O atual delegado pode enfrentar um forte adversário na região caso os rumores de que Kleber Wan-Dall, atual prefeito de Gaspar, estaria pensando em se filiar ao PSD para concorrer a uma vaga na Alesc, se confirmem.
Quanto aos outros partidos, trago informações sobre três:
O PSDB deve lançar um nome, mas ainda não há definição sobre quem será. O partido vem ensaiando desde candidaturas mais tradicionais como a dos ex-vereadores Jens Mantau e Marco Wanrowsky até nomes novos como o de Leandro Índio, atual intendente da Vila Itoupava. Tudo o que se sabe até o momento é que a atual vice-prefeita, Maria Regina Soar, já declarou que não pretende concorrer ao cargo.
O CIDADANIA sonhava com Egídio Ferrari, mas diante da predileção do delegado pelo PODEMOS, deve depositar a força partidária que possui em Blumenau em algum candidato de fora, como na reeleição da Deputada Paulinha (ex-PDT), que recebeu convite de filiação do partido. Paulinha, por sinal, já tem dois assessores de peso de Blumenau: Zeca Bombeiro e Fábio Fiedler.
Já o SOLIDARIEDADE não pretende lançar candidato, visto que o principal nome do partido na cidade, o vereador Jovino Cardoso, não tem intenção no pleito.
Lembrando que ainda faltam onze meses para as eleições, então muita coisa pode mudar, entretanto hoje o cenário político nos traz estes nomes como principais pré-candidatos ao pleito estadual na cidade.
Siga o colunista no instagram: @thiago.schulze e envie sugestões para politica@mesorregional.com.br.