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Quando foi que tomar vacina se tornou um ato político?

No início do século XX, durante o governo Rodrigues Alves, um surto de varíola atingia o Rio de Janeiro em níveis alarmantes, mortes sem controle atingiam a população.

O presidente então chamou um velho conhecido, de nome Oswaldo Cruz, que já havia acabado com epidemias de Febre Amarela e Peste Bubônica no país, para resolver a situação.

A ideia dele era uma nova invenção científica de seus antigos colegas da universidade francesa onde havia estudado, chamada “vacina”.

O governo então decidiu obrigar a população a tomar a tal “vacina”, aprovando em 31/10/1904 uma lei, no Congresso Nacional, condizente com suas intenções.

Entretanto, um pouco antes o governo Rodrigues Alves havia desabrigado duas mil famílias na região central do Rio de Janeiro para construir a atual Avenida Rio Branco, com promessas que nunca foram devidamente cumpridas, obrigando-as a buscar abrigo nos morros cariocas.

Acumulando insatisfação, em 10/11/1904 aquela população foi às ruas quebrando tudo, na chamada “Revolta da Vacina”, tornando o imunizante um ato político. A argumentação é que a vacina era aplicada em casa, nos braços desnudos das esposas cariocas e aquele ato seria um tanto “libidinoso”. Curiosamente, grandes nomes como Olavo Bilac e Rui Barbosa chegaram a apoiar a contenda.

Lauro Sodré, um oficial militar do Colégio Militar da Praia Vermelha que havia sido um dos articuladores do golpe republicano de 1889, aproveitou-se da situação para tentar dar um novo golpe militar e tirar os cafeicultores que tanto lhe desagradavam do poder.

Nada deu certo, Lauro acabou preso e a revolta foi superada pelo governo em 20/11/1904. Como sabemos, a vacina funcionou e a varíola foi vencida, somando mais um êxito na carreira do renomado sanitarista Oswaldo Cruz.

Sobre a Covid-19? Apenas repetimos a história, como sempre. A vacina funciona, é eficaz, nossa cidade já provou isso ao divulgar no último mês que 80% das internações em UTI por Covid-19 eram de não vacinados, mas ainda assim o povo se deixa ser direcionado como um gado de curral para onde líderes políticos interessados em gerar contenda precisam para que seja posível atingir seus ideais particulares. É lamentável.

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