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Réu do atentado na creche presta depoimento marcado por delírios; julgamento segue

O julgamento do ataque à Creche Cantinho Bom Pastor, que chocou Blumenau e o Brasil, teve um momento crucial na manhã desta quinta-feira (29), com o depoimento do réu, acusado de assassinar quatro crianças e de tentar matar outras cinco. O depoimento ocorreu após os depoimentos do delegado responsável pela investigação, de um investigador de polícia, da mãe de uma das crianças sobreviventes e de uma profissional que trabalhava na creche no dia do crime por parte da acusação e um amigo do réu, convocado pela defesa.

O amigo do réu afirmou que ele era uma boa pessoa antes do uso das drogas, mas que o consumo de entorpecentes acabou até mesmo com a amizade entre os dois. Por sua vez, o acusado, que responde por quatro homicídios qualificados e cinco tentativas de homicídio, prestou um breve depoimento, que durou apenas cerca de 9 minutos, respondendo apenas às perguntas feitas por seus defensores. Durante o depoimento, ele descreveu uma sequência de eventos que, segundo ele, culminaram no trágico ataque.

O réu relatou que tudo começou quando ele morava com o padrasto. Segundo ele, após começar a usar drogas na casa do então padrasto, este, incomodado, teria acionado amigos policiais para “instalar um chip” em seu olho. Conforme o relato do réu, o suposto chip “lê pensamentos e solta áudios ao mesmo tempo”. Ele afirmou que, por medo da polícia, decidiu deixar a cidade, mas ao retornar, acreditava estar sendo constantemente observado por policiais. O réu alegou que os policiais o vigiavam tanto no trabalho quanto nas ruas, utilizando um aplicativo no celular que, segundo ele, monitorava o que havia no suposto chip, o que os fazia rir.

Apesar dessa crença, o réu disse que não compartilhou essas informações com mais ninguém, exceto sua mãe e um amigo, que lhe disseram que ele estava “ficando louco”. Além disso, o réu admitiu que começou a usar cocaína, ecstasy e LSD após iniciar um relacionamento com uma garota que, segundo ele, também fazia uso intenso de drogas.

Este depoimento revela uma narrativa marcada por delírios e confusão, elementos que a defesa poderá tentar usar para influenciar a análise dos jurados sobre a sanidade mental do réu durante o julgamento. A defesa, composta por defensores públicos, parece estar construindo um argumento focado na condição psicológica do acusado, buscando uma possível atenuação da responsabilidade pelos atos cometidos.

Após o depoimento do acusado, o julgamento entrou em intervalo para o almoço, retornando por volta das 13h30min. A acusação terá uma hora e meia para apresentar seus argumentos, seguida pela defesa, que terá o mesmo tempo. Depois disso, ocorrerão as fases de réplica e tréplica, antes de os jurados deliberarem sobre a culpa do réu e a juíza definir a pena.

O Mesorregional optou por não divulgar imagens do acusado e seus dados pessoais, incluindo o nome, para evitar que ele seja venerado por outros indivíduos com tendências semelhantes, conforme apontam estudos sobre este tipo de ato terrorista.

Fotos: Jefferson Santos / Mesorregional

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