Sociedades Brasileiras de saúde divulgam parecer contrário à utilização da Cloroquina para o tratamento da COVID-19
Nesta segunda-feira, 18 de maio, a Sociedade Brasileira de Imunologia divulgou parecer técnico sobre o tão discutido uso da cloroquina ou hidroxicloroquina para tratar pessoas infectadas pelo Coronavírus. Na mesma data, foi apresentado ao público um consenso da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sobre as diretrizes para o tratamento farmacológico da COVID-19.
Em todo o mundo, existem controvérsias na utilização da cloroquina ou hidroxicloroquina, que têm indicação terapêutica principalmente para malária e doenças reumáticas, como lúpus eritomatoso sistêmico e artrite reumatoide. Ambos têm descrição de efeitos adversos como hipoglicemia grave e toxidade cardíaca,entre outras, sendo exigido contínuo monitoramento médico dos indivíduos em uso dessas substâncias.
Conforme o texto do parecer da Sociedade de Imunologia , “A escolha desta terapia, baseada na informação de que a COVID-19 é uma doença de fácil tratamento, vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia. Este posicionamento não apenas precisa de evidência científica, além de ser perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado. Nenhum cientista é contra qualquer tipo de tratamento, mas sempre com bases em evidências científicas sólidas.”
A Sociedade Brasileira de Imunologia conclui que ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento na COVID-19, visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que utilizaram hidroxicloroquina. Desta forma, a SBI fortemente recomenda que sejam aguardados os resultados dos estudos em andamento, para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da hidroxicloroquina e suas associações para o tratamento da COVID-19.
Já o consenso entre as três sociedades, de Medicina Intensiva Brasileira, de Infectologia e de Pneumologia e Tisiologia também entendem que as evidências disponíveis não sugerem benefício clinicamente significativo do tratamento com hidroxicloroquina ou com cloroquina. Houve entendimento de que o risco de eventos adversos cardiovasculares é moderado, em especial de arritmias e a sugestão é que não sejam utilizadas a combinação de hidroxicloroquina ou cloroquina e azitromicina de rotina no tratamento da COVID-19.
Foto: Divulgação SBI