Tratamento pré-hospitalar de SC é referência mundial e único no país
Atendimentos pré-hospitalares de alta complexidade oferecidos pelo Samu Aeromédico de Santa Catarina foram debatidos durante reunião da Comissão de Relacionamento Institucional, das Relações Internacionais e do Mercosul, na tarde desta quarta-feira (15), atendendo a pedido do presidente do colegiado, deputado Carlos Humberto (PL).
Daíse Esswein Müller, coordenadora médica do Samu Aeromédico de Santa Catarina, apresentou os trabalhos do órgão no atendimento de qualidade que, nos limites de competência do SUS, vêm oferecendo, tanto nos casos graves de resgate aeromédico como nos casos de transporte aeromédico. A médica falou, também, sobre o Programa do Sangue Total, desenvolvido por meio de parcerias internacionais.
Programa Sangue Total
“Esse tratamento, oferecido ao cidadão catarinense, é fruto de uma parceria muito especial. Buscamos trazer o que há de melhor no tratamento aos pacientes de tratamento pré-hospitalar, às vítimas de choque hemorrágico e politraumatizados graves. Já tínhamos uma angústia, há algum tempo, para trazermos um tratamento adequado e isso demanda pesquisa. Estamos sempre pesquisando para trazer o melhor para o tratamento de ponta”, apontou Daíse.
A médica explicou que o melhor para os pacientes vítimas de choque hemorrágico grave seria ter o sangue total para transfusão antes mesmo da chegada ao ambiente hospitalar. “Com isso definido dentro dos hemocomponentes que existem, não só hemácias ou só plasma, mas uma vez que a vítima de um sangramento grave está perdendo seu sangue, nada melhor do que repor o sangue na sua totalidade.”
Com estudos e pesquisas, o grupo de aeromédicos do SAamu encontrou um médico, referência mundial no assunto, Mark Yazer, professor da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e também referência na Associação Americana de Bancos de Sangue. Segundo Daíse, o médico estadunidense tem apoiado o Samu catarinense desde 2019. “É uma parceria muito importante. Por meio dessa parceria e das pesquisas realizadas, o sangue total que temos nos Arcanjos de Santa Catarina é um modelo que iniciou em Florianópolis, em breve vai expandir para Blumenau e é referência no Brasil.”
Essa parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde, Corpo de Bombeiros Militares do estado, com o Batalhão de Operações Aéreas e a Faece/Hemosc, ajuda de forma eficaz a diminuir o número de mortes durante o pré-atendimento hospitalar grave, como por exemplo, nos casos de choque hipovolêmico (situação de emergência decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e sangue, o que coloca a vida do paciente em risco).
De acordo com a literatura médica, mais da metade das mortes potencialmente preveníveis de civis se dá devido a hemorragias. O foco, então, é no tratamento de vítimas graves no atendimento pré-hospitalar móvel. Uma pessoa que está perdendo uma grande quantidade de sangue é o grande foco desse atendimento.
Daíse informou que, para ajudar na resolução dessas questões, os aeromédicos fizeram uma parceria com o Grupo THOR – AABB Working Party Recommendations for a Prehospital Blood Product Transfusion Program, da Universidade de Pittsburgh, composto por médicos e pesquisadores. “Ao longo desses quase dois anos de atendimentos com esse procedimento, nós vimos que todo o esforço valeu a pena. Muitos pacientes já chegam quase perdendo o nível de consciência e quando começamos a fazer a transfusão podemos dispensar muitos procedimentos de risco como a entubação.”
Carlos Humberto destacou que, graças a Santa Catarina, hoje o Brasil é o quarto país no mundo a oferecer esse tratamento do sangue total no ambiente pré-hospitalar e o único no país.
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