Urnas Eletrônicas e o Voto Impresso
O “voto eletrônico”, implementado no Brasil em 1996, era um sonho do sufrágio nacional desde 1932, quando Vargas publicou o Decreto 21.076, que previa a utilização futura de “máquinas de votar”, o que nos mostra que a preocupação em garantir a expressão do voto do eleitor nas urnas é antiga. Até a década de noventa, não era incomum, por exemplo, seções aparecerem com mais votos do que o total de eleitores cadastrados.
A suposição de que as atuais urnas eletrônicas são invioláveis apenas por não terem acesso à internet é rasa, vez que possuem entradas para pen-drive e cartão de memória, sendo que, é justamente neste último que fica localizada a instalação do sistema operacional do equipamento, onde os votos são gravados.
A sociedade evoluiu, assim como os mecanismos de trapaça e atualmente não é mais necessário estar online para ser infectado com uma praga virtual capaz de alterar seu sistema operacional, basta conectar, em seu computador, um pendrive ou cartão de memória com determinado vírus auto-executável.
Se um programador quiser desenvolver um “vírus” que modifique o sistema operacional de uma urna eletrônica, ele precisará apenas ter acesso ao código-fonte dele, o que infelizmente não é nenhuma intempérie, vez que ele é apresentado, na íntegra, aos partidos políticos, à OAB e ao Ministério Público no prazo de 180 dias antes das eleições.
Ou seja, existe chance de fraude, por menor que seja, e, como atualmente as urnas não são auditáveis por uma maneira alternativa de contagem, torna-se quase impossível apurar uma incongruência.
Em 2017, o TSE fora apresentado ao protótipo de um novo modelo de urna que, além da contagem eletrônica, também imprimia o voto e adicionava a cédula impressa em um dispositivo acoplado, após a confirmação do eleitor, sem qualquer contato manual deste com o papel.
Seria o modelo ideal para otimizar a tecnologia atual, entretanto fora descartado por ser considerado caro (R$ 2 bilhões), sendo que apenas para atualizar os equipamentos atuais o governo gastara R$ 799,9 milhões. Será que o “voto impresso” realmente é um gasto desnecessário ou vale a pena garantir mais segurança no processo de escolha mais importante do país?
Sou Thiago Schulze, colunista de política no Mesorregional e você pode me seguir no Instagram em @thiago.schulze ou enviar sugestões para o e-mail politica@mesorregional.com.br. E ainda, se quiser ser avisado sobre novas publicações em primeira mão, clique aqui e entre no Grupo de Whatsapp, é grátis!