Vereador demonstra total desconhecimento ao questionar capacidade técnica de enfermeiros
O comentário do vereador Julio Bento (PSD), que é o presidente da Câmara Municipal de Navegantes, gerou revolta entre enfermeiros e técnicos de enfermagem da cidade e de outras localidades. Sua fala, que questionou a capacidade técnica dos profissionais de enfermagem, revelou um claro desconhecimento sobre o papel essencial desses trabalhadores na linha de frente do atendimento à saúde e no socorro imediato aos pacientes.
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A polêmica teve início quando o vereador Marcos Adriano, conhecido como Chapecó, pediu apoio aos colegas para a aprovação de um requerimento solicitando informações detalhadas sobre o quadro de enfermeiros efetivos do município. O documento questiona o status da convocação de novos profissionais, o quantitativo total de servidores na função, sua distribuição nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e a existência de concurso público para suprir possíveis demandas. Durante a fala, ele comentou sobre o protocolo que exige que os pacientes passem primeiro pela enfermeira antes de serem atendidos pelos médicos. “É isso que precisamos entender: eu estive visitando a UBS do Machados e ali tem cinco médicos e uma enfermeira, e o protocolo agora é que todos os pacientes passam pela enfermeira para serem atendidos pelo médico…“, comentou em tom de dúvida sobre o número de profissionais.
Em seguida, o presidente da Câmara, Julio Bento, fez sua a fala dizendo: “Eu não sou médico, não entendo muito da área, mas entendo que o enfermeiro não tem capacidade técnica de fazer aquela filtrada… no meu entendimento o enfermeiro não possui essa capacidade técnica!“. A declaração gerou indignação entre os profissionais da saúde, que veem na fala dos vereadores uma demonstração de desinformação sobre a atuação da enfermagem e a organização do atendimento nas unidades de saúde e passaram a compartilhar o vídeo da fala em grupos de conversas e redes sociais.
O Mesorregional destaca que a triagem realizada por enfermeiros não é apenas uma prática comum, mas é regulamentada pela Resolução Cofen 661/2021, do Conselho Federal de Enfermagem, que define que a triagem é atividade privativa do enfermeiro . Além disso, os técnicos de enfermagem também estão habilitados para atuar na triagem, conforme o documento. O protocolo seguido em muitas unidades de saúde, tanto públicas quanto privadas, Brasil à fora, determina que os enfermeiros realizem uma avaliação inicial para classificação de risco e priorização do atendimento médico.
A crítica ao vereador é unânime entre os profissionais da área, que ressaltam a importância de entender o funcionamento do sistema de saúde e a colaboração entre as diversas equipes, sempre garantindo o melhor atendimento aos pacientes. A triagem é um dos processos mais importantes para garantir que os pacientes recebam o tratamento adequado e em tempo hábil, principalmente em situações de urgência e emergência, para que os médicos estejam em condições de efetuar os procedimentos como os de diagnosticar e tratar doenças, entre outras funções.
A fala ainda gerou uma publicação de repúdio por parte do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais da Região da Foz do Rio Itajaí, nas redes sociais. Confira o conteúdo da publicação abaixo:
“A crítica à suposta falta de capacitação técnica desses profissionais para o acolhimento e a classificação de risco desmerece não apenas o árduo trabalho e a dedicação de muitos, mas também ignora as diretrizes legais e os padrões estabelecidos pelos órgãos reguladores da profissão.
A desinformação, aliada com essa tentativa frenética de lacração, cria um desserviço à população, pois ao invés de buscar informações quando não se tem o conhecimento, e trazer a verdade dos fatos ao povo, opta-se por lacrar nas redes sociais, em busca de curtidas ou “likes”.
O Sindifoz foi procurado por enfermeiras e enfermeiros de Navegantes que estão revoltados com as afirmações. Por sorte, em seu discurso, o vereador afirma que “não é médico”.
Portanto, é de extrema importância que qualquer crítica à atuação de uma categoria profissional seja embasada em dados concretos e em um entendimento profundo sobre a profissão. Ignorar a formação e a capacitação dos enfermeiros não é apenas um erro, mas uma desvalorização do sistema de saúde e do papel vital que essa categoria desempenha para o bem-estar da nossa comunidade.”
Foto: Divulgação / CMN